Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN)
Não disponível · 7 junho 2024 · 1 Min
O mundo perde uma mãe a cada dois minutos devido a complicações durante a gravidez. As mulheres em países de baixos rendimentos são as que correm mais riscos, sendo as suas probabilidades de sobrevivência 36 vezes mais baixas do que as de uma mulher num país mais rico. Mas mesmo dentro do mesmo país, existem grandes diferenças ao nível dos riscos enfrentados por mães e bebés. Uma criança tem mais probabilidade de sobreviver ao seu primeiro ano se viver numa área urbana do que numa rural. Quais as causas desta disparidade – e como podemos ajudar?
Os números em destaque são da Organização Mundial da Saúde.
A cada dois minutos há 1 morte materna, 8 nados-mortos e 9 mortes de recém-nascidos.
Muitas mulheres em zonas rurais nunca vão ao médico durante a gravidez e dão à luz em casa. Se algo correr mal durante o trabalho de parto, o tempo que leva para chegar à unidade de saúde mais próxima pode significar a diferença entre a vida e a morte.
Uma parteira comunitária estará familiarizada com a família e ciente de quaisquer problemas de saúde que possam complicar o trabalho de parto. Ela pode oferecer conselhos durante a gravidez, prestar assistência rápida, apoio ao parto e cuidados de emergência em casa, e apoiar a nova mãe e o bebé.
83% de todas as mortes maternas, nados-mortos e mortes de recém-nascidos podem ser evitadas com a disponibilidade de cuidados de obstetrícia de qualidade.
Concedemos formação ao nível de um grau académico a 7000 enfermeiros e parteiras na África Oriental e no Paquistão. Também formámos milhares de enfermeiros e parteiras comunitárias para oferecerem cuidados de saúde primários em locais onde são quase inexistentes. Entre estas incluem-se mulheres afegãs que são enviadas para zonas rurais e fazem aumentar consideravelmente o número de partos assistidos por parteiras qualificadas.
Sua Alteza o Aga Khan
Um bebé que receba os nutrientes necessários durante os seus primeiros mil dias de vida – desde a conceção até aos dois anos – tem mais hipóteses de ter um bom crescimento, ser bem-sucedido na escola, manter-se saudável ao longo da vida – e um dia dar à luz um bebé saudável.
Sem os nutrientes necessários, um bebé corre o risco de ter baixo peso ao nascer, um problema que é mais prevalente em zonas rurais e torna 20 vezes mais provável a morte infantil. Em 10 países de África e da Ásia, estamos a providenciar suplementos vitamínicos e minerais a grávidas e novas mães, a formar profissionais de saúde na deteção e tratamento da subnutrição e a educá-los para apoiarem uma nutrição e amamentação de qualidade. Ler
O baixo peso ao nascer torna 20 vezes mais provável a morte infantil.
"A ideia é evitar, desde logo, o baixo peso ao nascer", explica a Dra. Claudia Hudspeth, Diretora Global para a Saúde e Nutrição da Fundação Aga Khan. “Para além do trabalho com crianças e grávidas, também nos estamos a concentrar na nutrição de raparigas adolescentes. Trabalhamos com as várias gerações para garantir que, ao engravidar, uma mãe esteja bem nutrida, de modo a evitar que o bebé fique subnutrido e, no caso de o bebé estar subnutrido, atacar rapidamente o problema para que este recupere.”
Uma mulher grávida que beba água salina corre o risco de ter complicações durante e após o trabalho de parto. Sem acesso a casas de banho, pode beber menos água e ficar desidratada. A sua assistente de parto pode não ter as mãos lavadas. Se a água potável estiver contaminada com detritos, ela pode ter diarreia potencialmente perigosa. Esta é também uma das principais causas de morte entre crianças com menos de dois anos.
As zonas rurais enfrentam maiores riscos devido às suas infraestruturas hídricas deficitárias. A água potável, as casas de banho e a boa higiene fazem todas parte da solução. Fornecemos água potável e saneamento a mais de 1,7 milhões de pessoas. As nossas agências ajudam as comunidades a identificar fontes de água, a melhorar as infraestruturas e a aumentar a sensibilização para a saúde e a higiene.
Em zonas remotas, a obtenção de cuidados médicos pode ser difícil e dispendiosa para as grávidas, exigindo muitas vezes dias de viagem e uma semana de salário.
As agências da AKDN trabalham para reduzir estas barreiras: desde a limpeza de estradas após avalanches e a reconstrução de pontes danificadas por cheias à implementação de teleconsultas e aplicações digitais de saúde em mais de 100 unidades de saúde. Já realizámos mais de 80 000 teleconsultas.
Para além disso, os grupos comunitários de poupança disponibilizam fundos de saúde de emergência para amenizar custos inesperados. Gul Mahoor, que gere um destes grupos em Nasirabad, no Paquistão, recorda: “Nos seus últimos dias de gravidez, uma mulher foi encaminhada para Gilguite, a 80 quilómetros de distância, para ser operada. O marido chegou à meia-noite e pediu dinheiro para o transporte. A operação correu bem e agora tem uma filha saudável.”
"As grandes desigualdades nos cuidados materno-infantis sublinham a necessidade de uma prestação eficaz e de fácil utilização de serviços com preços acessíveis, algo que se prende principalmente com a superação dos limites dos sistemas de saúde", diz o Dr. Gijs Walraven, Diretor para a Saúde da AKDN. "Os prestadores privados sem fins lucrativos como os AKHS [Serviços Aga Khan para a Saúde] podem apoiar sistemas de saúde em dificuldades através de parcerias público-privadas, alargando os benefícios a mais pessoas."
No Paquistão, o governo trabalha com ONG como os AKHS na gestão de 2000 unidades básicas de saúde, muitas em zonas rurais. As grávidas a viver nalguns dos locais de mais difícil acesso podem agora aceder a unidades nas proximidades.
As ONG também estão a aproveitar as infraestruturas existentes para fazer melhorias. Na região montanhosa de Gilguite-Baltistão, a AKDN e os seus parceiros estão a testar kits higiénicos de parto distribuídos por Agentes Femininas de Saúde do Paquistão.
Na Tanzânia, a modernização do Hospital de Nansio, na remota ilha de Ukerewe, com novos equipamentos, um bloco operatório e pessoal com formação, vai permitir que as grávidas não tenham de apanhar um barco para o continente para receber cuidados especializados. Os melhoramentos em Nansio e outras 79 unidades de saúde na região são uma parceria entre o Canadá, a Tanzânia e a AKDN, e fazem parte de um programa que está a melhorar os cuidados de saúde prestados a 700 000 mulheres e bebés.