Omã · 31 outubro 2022 · 5 Min
Princesa Zahra Aga Khan
O princípio basilar da arquitetura passa por satisfazer necessidades básicas, oferecer proteção relativamente aos elementos do clima, uma temperatura habitável, e cada vez mais um refúgio em situações climáticas extremas. Mas os espaços em que as pessoas passam o tempo também têm um efeito profundo na sua qualidade de vida. A arquitetura tem o potencial de juntar pessoas, ligar comunidades e oferecer uma continuidade cultural, ao mesmo tempo que dá força a ambições ousadas.
O Prémio Aga Khan para a Arquitetura, atualmente no seu 45.º ano, foi criado para incentivar este tipo de excelência arquitetónica. O Prémio reconhece a utilização inovadora de recursos locais e de tecnologia apropriada para responder com sucesso às necessidades físicas, sociais e económicas e às aspirações culturais das comunidades nas quais exista uma presença significativa de muçulmanos. Acima de tudo, o Prémio celebra projetos que promovam um espírito de pluralismo: nas palavras de Sua Alteza o Aga Khan, a aceitação, e não a eliminação, da diferença.
O 15.º ciclo do Prémio terminou com a cerimónia de entrega de prémios em Mascate. Aos ilustres vencedores juntaram-se autoridades do Sultanato de Omã, especialistas em arquitetura, o Comité Diretivo do Prémio e membros do seu Grande Júri, assim como dignitários de todo o mundo.
Mascate é o anfitrião adequado para um prémio que destaca a arquitetura em contextos muçulmanos. A cidade apresenta exemplos de arquitetura islâmica contemporânea que vão desde a Grande Mesquita do Sultan Qaboos ao edifício da Real Ópera, assim como casas tradicionais em barro e fortes restaurados. Os convidados do Prémio para a Arquitetura visitaram os locais históricos e participaram no Seminário dos Vencedores, que, ao longo dos anos, se tem vindo a tornar uma marca do prémio trienal. O seminário juntou arquitetos aos membros do Comité Diretivo e do Grande Júri para deliberarem acerca das escolhas do Júri e discutirem o impacto social da arquitetura no contexto de Omã.
A cerimónia do Prémio para a Arquitetura concluiu o evento de três dias, que celebrou ainda os vencedores dos Prémios Aga Khan para a Música de 2022. Os laureados atuaram em dois concertos de gala na Casa das Artes Musicais da Ópera Real de Mascate. A noite incluiu uma performance dos Mestres Músicos Aga Khan com o convidado especial Yurdal Tokcan, um eminente músico de oud que fez parte do Grande Júri dos Prémios para a Música de 2022, e a exibição de um filme sobre os vencedores do Prémio de 2022.
“O acolhimento por parte do Sultanato de Omã da cerimónia dos Prémios Aga Khan para a Arquitetura e para a Música e os eventos paralelos está em linha com os objetivos da estratégia cultural de Omã, que apela a uma identidade aberta às culturas dos povos; afirma o apoio continuado à cultura, à literatura e às artes; e coloca o Sultanato de Omã no mapa mundial da cultura, estabelecendo parcerias e a integração com instituições locais e internacionais no sector cultural”, disse Sua Excelência Sayyid bin Sultan Al-Busaidi, dirigindo-se à plateia.
A Princesa Zahra Aga Khan, em representação de Sua Alteza o Aga Khan nos Prémios, prestou homenagem ao anfitrião, Sua Majestade Sultan Haitham bin Tariq, e ao Sultanato de Omã, assim como a Sua Alteza Sayyid Theyazin bin Haitam Al Said, pela sua presença. “Celebrar o Prémio aqui em Omã”, disse aos presentes, “reflete a profunda e partilhada convicção de que os edifícios podem fazer mais do que simplesmente alojar pessoas e instituições, podendo também refletir os nossos valores mais profundos.” A Princesa afirmou que Sua Alteza acredita profundamente que a arquitetura não é apenas construir edifícios, é também um meio de melhorar a qualidade de vida das pessoas.
O discurso da Princesa Zahra Aga Khan destacou tanto a filosofia pluralista do Prémio como a necessidade de a arquitetura encontrar soluções para problemas físicos e ambientais. “Ao longo dos anos, o Prémio tem sido um farol para aqueles que sentem que podemos projetar e construir de forma diferente; para aqueles que acreditam que temos a responsabilidade de construir de forma adequada – com intenção, consideração e com o conhecimento de que a arquitetura no seu melhor é uma área inerentemente pluralista.
É uma honra homenagear cada um de vocês pelos espaços que projetaram ao serviço da humanidade. Juntos, ajudam-nos a imaginar uma arquitetura para o futuro que reconheça as necessidades das diversas comunidades, respeite o mundo natural e melhore a qualidade de vida”, finalizou.
Farrokh Derakhshani, Diretor do Prémio Aga Khan para a Arquitetura, Prefácio de Arquitetura Inclusiva (Editado por Sarah M. Whiting), 2022
Dos 463 projetos de 55 países nomeados para o prémio deste ano, o Grande Júri selecionou 20 para serem visitados e avaliados. Destes foram escolhidos seis projetos para partilhar o prémio de 1 milhão de dólares. Os vencedores vêm do Bangladesh, Indonésia, Irão, Líbano e Senegal, e apresentam todos uma grande abrangência na sua execução. O projeto Espaços Fluviais Urbanos oferece aos moradores acesso ao rio Nabaganga. Os seis espaços comunitários temporários do Programa de Resposta aos Refugiados Rohingya estão a dar resposta às necessidades de emergência, ao passo que o aeroporto internacional de Banyuwangi olha para o futuro de Java Oriental. O Museu de Arte Contemporânea e Centro Cultural Argo – uma antiga cervejaria – que foi convertido num museu privado de arte contemporânea, e a Hospedaria Niemeyer foram dois projetos que renovaram estruturas já existentes, enquanto a Escola Secundária de Kamanar é uma criação inteiramente nova, composta por módulos de salas de aulas à volta da copa de árvores existentes. No entanto, cada um destes projetos demonstra inovação, cuidado com o ambiente e foco na vertente humana na sua criação, uso e conservação da memória histórica.
O Grande Júri explicou a sua escolha dos vencedores. “Espaços abertos, livres, públicos... capazes de regenerar e restaurar um sentimento de dignidade. Procurámos a qualidade, não só do espaço arquitetónico, mas também da qualidade de vida e das relações sociais promovidas pela arquitetura – a generosidade e a beleza que a arquitetura pode lutar por tornar mais acessível.”
Espera-se que os projetos vencedores venham a inspirar os agentes envolvidos no ambiente construído, como arquitetos, clientes, decisores, construtores e utentes; ajudando-os a idealizar uma arquitetura que irá abordar os problemas atuais e melhorar a qualidade de vida no futuro.
Princesa Zahra Aga Khan