A Agência Aga Khan para o Habitat (AKAH) adota uma abordagem integrada e proactiva à preparação e à resposta a desastres, ajudando as comunidades a monitorizarem e gerirem os múltiplos perigos naturais que têm de enfrentar, a prepararem-se e a responderem em caso de catástrofe e a fazer uma reconstrução superior. Abordamos todas as fases da gestão de emergências, desde a preparação à resposta, mitigação e recuperação.
Reconhecendo o impacto das alterações climáticas no risco de desastres, aplicamos estratégias de redução do risco de desastres baseadas em ecossistemas e soluções locais no sentido de ajudar a proteger as pessoas e o ambiente.
A abordagem da AKAH junta a análise científica e as melhores práticas internacionais a um profundo envolvimento da comunidade. Os nossos voluntários e equipas técnicas locais com formação trabalham em mais de 2500 comunidades para garantir que as pessoas possuem o conhecimento, a capacidade e as soluções para lidar com os riscos que enfrentam. Promovemos uma gestão do risco de desastres baseada na comunidade, apoiada pelos melhores dados disponíveis, ajudando as comunidades a implementar planos e contramedidas adaptadas ao seu contexto local.
Aplicamos os padrões internacionais, incluindo os Padrões Humanitários Fundamentais e os Padrões Sphere para desenvolver uma capacidade de preparação e resposta profissionalizada e padronizada entre as nossas equipas, as comunidades e as autoridades locais com as quais trabalhamos.
Começamos por ajudar as comunidades a compreenderem os riscos e a fazerem um planeamento adequado. Ao combinar o conhecimento local e as pesquisas no terreno com dados do sistema de informação geográfica (GIS), imagens de satélite e outros dados geoespaciais e de teledeteção, trabalhamos com as comunidades para elaborar uma Avaliação dos Perigos, Vulnerabilidades e Riscos (APVR) detalhada para cada aldeia ou povoação. A APVR faz um mapeamento dos riscos e determina as zonas residenciais e económicas seguras, os locais de evacuação seguros e as áreas de alto risco, com base num cálculo de exposição e vulnerabilidade a vários tipos de perigos.
Posteriormente, trabalhamos com as comunidades para usar estes dados no desenvolvimento de planos de gestão de desastres e de habitat. Até ao momento, já avaliámos quase 2500 locais habitados e ajudámos quase 1800 comunidades a desenvolverem planos de gestão de desastres para as suas aldeias. Estas APVR são atualizadas, com a participação da comunidade, a cada três anos ou após algum incidente, para garantir que os planos se mantêm atualizados e adaptados às comunidades locais.
Estamos a aumentar a nossa capacidade de avaliação e monitorização para lidar com riscos em zonas remotas, ao nível dos vales e das bacias hidrográficas, tendo já concluído 13 avaliações ao nível dos vales e 100 avaliações ao nível das bacias hidrográficas. Já mapeámos e estamos a monitorizar 37 situações potencialmente perigosas em zonas remotas, incluindo 15 lagos glaciares de alta altitude nas províncias de Baghlan e Badakhshan, no Afeganistão; no GBAO, no Tajiquistão; e em Gilguite, Chitral e Hunza, no Paquistão.
Técnicos especializados da AKAH e membros da comunidade rastreiam o degelo do glaciar de Shishper, em Hunza, Paquistão. A AKAH Paquistão está atualmente a monitorizar 25 glaciares e 20 lagos em Gilgit-Baltistão e Chitral.
AKDN
Através de uma gestão de desastres baseada na comunidade, nós visamos fortalecer as capacidades locais das populações para que estas estejam mais bem preparadas e resilientes face aos perigos naturais que enfrentam.
Mantemos uma rede de quase 40 000 voluntários locais, os quais treinamos regularmente em resposta comunitária a emergências, busca e salvamento, e avaliação e resposta a desastres. Entre estes incluem-se nove equipas de busca e salvamento treinadas de acordo com os padrões do International Search and Rescue Advisory Group (INSARAG). Também fornecemos a estes voluntários as ferramentas e a formação para poderem atuar como primeiros socorros durante emergências, tirando proveito do seu conhecimento local do terreno, da língua e da cultura.
A mobilização e distribuição rápida e eficaz de material de socorro e a instalação de abrigos temporários imediatamente após um desastre são medidas essenciais para salvar vidas e apoiar na recuperação. Possuímos reservas de material pré-posicionadas, geridas por voluntários das comunidades, para fornecer um acesso rápido a materiais de socorro de emergência a mais de 2200 aldeias, para que estas não tenham de esperar a chegada de ajuda externa em áreas remotas. Às pessoas cujas casas ficaram destruídas ou danificadas, disponibilizamos tendas climatizadas de emergência e abrigos transitórios, para além de apoiar na construção de casas mais permanentes.
Quase 40% dos nossos voluntários locais de resposta a emergências são mulheres. Estas mulheres estão a desafiar os preconceitos de género e a mudar as mentalidades ao liderarem equipas de resposta a emergências ou a levarem a cabo missões de busca e salvamento. Asseguram ainda a transmissão de informações vitais e serviços de salvamento a outras mulheres em sociedades onde as normas sociais conservadoras limitam o contacto com os homens.
Os voluntários das Equipas Comunitárias de Resposta a Emergências praticam a sua destreza com cordas no norte do Paquistão. A AKAH forma voluntários locais para serem capazes de se prepararem e responderem a desastres nas suas comunidades.
AKDN
no norte do Afeganistão, Tajiquistão ou nas áreas do norte do Paquistão, ou ciclones no verão nas áreas costeiras da Índia ou Paquistão, afetam centenas de comunidades, cortando vias de transporte e comunicação vitais e impedindo o acesso da ajuda de emergência.
Nós gerimos programas abrangentes de Preparação para o Inverno e Verão de modo a garantir que as comunidades estão atentas e preparadas para enfrentar diferentes perigos sazonais, incluindo avalanches, deslizamentos de terra, inundações, ondas de calor e ciclones. Estes programas visam reduzir o número de vítimas através de cursos de formação comunitária e do fortalecimento da preparação, coordenação, orientação a nível institucional, para além de sessões de formação ao nível do Sistema de Comando de Incidentes/Centro de Operações de Emergência (ICS/EOC) destinadas às partes interessadas locais e aos funcionários da AKDN. Os programas abrangem:
Muitas das zonas em que operamos têm limitações ao nível das infraestruturas de comunicações e transportes. No entanto, as comunicações e os acessos são vitais para a emissão de alertas precoces e para uma evacuação segura antes de um desastre e para uma resposta em tempo oportuno após um desastre.
Estamos a trabalhar com as comunidades locais para providenciar acesso a comunicações à prova de falhas, para manter as estradas e pontes de acesso e fornecer opções alternativas de transporte. Através destes esforços, mais de 80% das comunidades com as quais trabalhamos têm acesso a dois meios de comunicação.
Tendo em conta que as crianças em idade escolar são particularmente vulneráveis, mas que também podem funcionar como importantes mensageiros e agentes de mudança nas suas famílias e comunidades, temos em curso um Programa de Segurança Escolar abrangente para mitigar o risco de desastres. O programa é composto por elementos estruturais e não-estruturais: nós reformamos, protegemos e reforçamos os edifícios escolares e promovemos a consciencialização e as práticas seguras relativas aos vários perigos naturais.
O programa inclui mais de 1000 escolas e mais de 100 000 alunos e professores. O nosso Programa de Segurança Escolar está alinhado com modelos globais como o Quadro de Ação de Sendai. Este tem por base os pilares centrais da UNISDR e da Aliança Global para a Redução do Risco de Desastres e Resiliência no Sector de Educação (GADRRRES) para garantir instalações escolares seguras; incluir nos currículos a educação e consciencialização acerca dos riscos; e apoiar as escolas na gestão de desastres e nos planeamentos de contingência. Os nossos esforços ajudaram no desenvolvimento de estratégias e planos de ação de nível nacional e subnacional, incluindo o Quadro de Segurança Escolar do Paquistão (PSSF).
Em Gilguite-Baltistão, um cuidador voluntário verifica o Sistema de Alerta Precoce de Inundações instalado pela AKAH.
AKAH
Para uma preparação eficaz contra desastres é fundamental ser capaz de monitorizar padrões meteorológicos e emitir alertas precoces de forma eficaz. Nós instalámos 88 postos de monitorização meteorológica (WMP) no Afeganistão, Tajiquistão e Paquistão. Estes sistemas são geridos por uma equipa de 145 voluntários comunitários com formação, com os nossos especialistas técnicos a continuarem a prestar uma monitorização, manutenção e apoio técnico regulares.
Os WMP recolhem dados sobre a temperatura do ar, a direção e a velocidade do vento, o volume de pluviosidade e de queda e profundidade de neve. Os voluntários dos WMP também procuram por sinais ou evidências de avalanches que tenham ocorrido, rastreando as informações acerca da localização, tamanho e impacto. Os dados recolhidos são analisados pelos nossos peritos técnicos para calcular o risco de desastres e emitir informações semanais e alertas precoces.
Instalámos e mantemos 19 sistemas de alerta precoce que abrangem quase 400 aldeias no Paquistão, Afeganistão e Tajiquistão, assim como um sistema para o risco de cheias em meio urbano em Nova Bombaim, Maharashtra, Índia. Atualizámos ainda o sistema de alerta precoce do bastante ameaçador Lago Sarez, localizado no vale de Bartang, no Tajiquistão. Estes sistemas cobrem vários tipos de perigos e utilizam tecnologias específicas para cada local de modo a fornecer às comunidades um alerta oportuno e prático acerca do risco de um desastre.
Funcionários da AKAH Tajiquistão e membros da comunidade instalam um sistema de comunicação de emergência no GBAO, Tajiquistão, para fornecer acesso a comunicações à prova de falhas em aldeias remotas e propensas a riscos.
AKAH
Os dados das APVR em zonas de alto risco e zonas seguras são usados para reforçar, proteger e realocar infraestruturas importantes. Para salvaguardar habitações e outros recursos sociais e económicos dos perigos naturais, levamos a cabo medidas de mitigação estrutural, como:
Há concluímos mais de 240 projetos de mitigação estrutural, ajudando a reduzir os riscos e a proteger as vidas e habitações de mais de 50 000 pessoas.
Há concluímos mais de 240 projetos de mitigação estrutural, ajudando a reduzir os riscos e a proteger as vidas e habitações de mais de 50 000 pessoas.
Para lidar com o risco duplo dos desastres naturais e das alterações climáticas, aplicamos uma abordagem à redução do risco de desastres (RRD) baseada nos ecossistemas. Esta usa soluções baseadas na natureza, em particular a plantação de árvores e vegetação, e utiliza materiais locais e de baixo carbono na mitigação estrutural, sempre que possível.
No Paquistão, estamos a trabalhar com o governo de Gilguite-Baltistão para ajudar a pôr em prática o projeto Tsunami de Dez Mil Milhões de Árvores, um ambicioso esforço nacional de reflorestação. Estamos a providenciar consultoria técnica para ajudar o governo a selecionar 300 locais em Gilguite-Baltistão para a plantação, com o objetivo de estabilizar os solos e as encostas para proteger povoações e infraestruturas importantes de deslizamentos de terras e outros riscos naturais.
Depois das cheias devastadoras de 2017 em Dasht-e-Dehkhaw, no Badakhshan, estamos a apoiar a comunidade local na mudança voluntária para um local mais seguro nas proximidades. Para proteger o novo local, em conjunto com a comunidade local, plantámos 3500 árvores para ajudar a estabilizar uma encosta perigosa e proteger a aldeia abaixo de avalanches e quedas de rochas mortais.
No Tajiquistão, estamos a trabalhar com parceiros governamentais e com a Caritas para introduzir um modelo de plantação florestal que integre oportunidades de criação de rendimentos com benefícios ao nível da RRD. A abordagem multifuncional à plantação promove a diversidade da vegetação com vista à proteção contra riscos de avalanche, deslizamentos de terras e cheias repentinas.
Através de projetos de grande escala e de nível comunitário, estamos a ajudar as comunidades vulneráveis a mitigar os efeitos das alterações climáticas e o risco de desastres.
Desde 2011, temos participado na simulação de terramotos Great ShakeOut, uma iniciativa global liderada pelo Centro de Terramotos da Califórnia do Sul (SCEC) para dotar as comunidades de técnicas capazes de salvar vidas durante um terramoto. O exercício promove a preparação pessoal e reforça o mote “Abaixar, Abrigar e Esperar” como a melhor prática em caso de terramoto. Em 2020, mais de dois milhões de pessoas de 20 países participaram em exercícios ShakeOut liderados pela AKDN.
Promovemos a consciencialização e a participação na campanha através dos nossos funcionários, das comunidades que servimos e das parcerias com organizações governamentais, escolas e outros parceiros e não-parceiros da AKDN. A campanha é fundamental para a divulgação de informações capazes de salvar vidas em comunidades vulneráveis.