Projetos vencedores revelam compromisso com as comunidades, a inovação e o cuidado com o ambiente
Genebra, Suíça, 22 de Setembro de 2022 – Os vencedores do Prémio Aga Khan para a Arquitetura (AKAA) de 2022 foram hoje anunciados. Os seis vencedores do Prémio, que irão partilhar o prémio no valor de um milhão de dólares, um dos maiores em arquitetura, revelam compromisso com as comunidades, a inovação e o cuidado com o ambiente.
Bangladesh
Através de uma participação e apropriação consistentes por parte da comunidade, do amplo envolvimento das mulheres e de grupos marginalizados e de uma mão-de-obra local, a tarefa aparentemente simples de limpar o acesso ao rio Nabaganga em Jhenaidah deu origem a um projeto de paisagismo criterioso e minimalista feito com materiais e técnicas de construção locais, transformando assim uma lixeira informal degradada num espaço multifuncional atraente e acessível que é valorizado pelas diversas comunidades de Jhenaidah. Como tal, o projeto conseguiu reverter a degradação ecológica e os riscos para a saúde do rio e das suas margens, e estimular uma melhoria ecológica efetiva do rio, num dos países com mais área ribeirinha no planeta. [Extrato, Menção do Júri]
Os seis espaços comunitários temporários do Programa de Resposta aos Refugiados Rohingya dão uma resposta digna, sensível e engenhosa às necessidades de emergência relacionadas com a chegada massiva de refugiados rohingya às comunidades anfitriãs do Bangladesh, com especial atenção à segurança de mulheres e raparigas. O conceito e o design dos seis espaços são o resultado de um planeamento adequado, parcerias sólidas e processos inclusivos que envolvem as comunidades distintas de refugiados e habitantes locais, como a definição das necessidades de espaço e funcionalidade. [Extrato, Menção do Júri]
Indonésia
Surgindo de um mar de arrozais, o edifício prolonga a linguagem da paisagem, formando um evento concentrado que combina arquitetura, funcionalidade e ambiente numa disposição homogénea mas discernível. O Aeroporto Internacional de Banyuwangi, moderno e eficiente em todos os aspetos, mas enquadrado no seu contexto, pode revelar-se revolucionário ao nível da arquitetura aeroportuária, especialmente tendo em conta que o governo indonésio deverá construir cerca de 300 aeroportos num futuro próximo. [Extrato, Menção do Júri]
Irão
No densamente povoado centro histórico de Teerão, este projeto atípico de reutilização e conservação transformou a Fábrica Argo – uma antiga cervejaria cujas atividades foram deslocalizadas para fora da cidade dez anos antes da Revolução Iraniana devido à poluição – num museu privado de arte contemporânea. A partir das ruínas do edifício original, a atual cervejaria foi renovada e foram construídas novas superfícies com uma abordagem e um design subtis. Foram desenvolvidos, em quatro níveis, uma variedade de espaços para exposições, palestras e filmes, com uma nova residência de artistas a ser construída ao lado do museu. [Extrato, Menção do Júri]
Líbano
A renovação da Hospedaria Niemeyer é um exemplo inspirador da capacidade de reparação da arquitetura, numa altura de crise vertiginosa e envolvente em todo o mundo, e no Líbano em particular, dado que o país enfrenta um colapso político, socioeconómico e ambiental sem precedentes. A obra de reabilitação da Hospedaria, localizada nos arredores de Trípoli, – uma das mais antigas e belas cidades portuárias, outrora conhecida pela sua arte, mas hoje em dia assolada por uma pobreza extrema, pela migração e pela falta de espaços públicos – faz parte da Feira Internacional Rachid Karami (RKIF), a obra-prima inacabada do arquiteto Oscar Niemeyer. [Extrato, Menção do Júri]
Senegal
A Escola Secundária de Kamanar, um polo escolar repleto de infraestruturas, edifícios, paisagens e acessórios, é única no sentido em que aborda as múltiplas escalas do urbanismo, paisagismo, arquitetura e tecnologias de construção com o mesmo compromisso e virtuosismo. A topografia e a flora do local foram as principais condicionantes encontradas neste projeto, levando à introdução de uma grelha de módulos de salas de aulas organizadas à volta das copas de árvores pré-existentes, adotando as suas sombras como espaços sociais para alunos e professores. [Extrato, Menção do Júri]
O Prémio Aga Khan para a Arquitetura foi criado em 1977 por Sua Alteza o Aga Khan, 49.º Imam hereditário dos muçulmanos ismailis, para identificar e encorajar conceitos de construção que correspondam com sucesso às necessidades e aspirações de comunidades nas quais exista uma presença significativa de muçulmanos. O processo de seleção do Prémio destaca a arquitetura que não satisfaça apenas as necessidades físicas, sociais e económicas das populações, mas que também estimule e responda às suas expetativas culturais.
Este ano assinala-se o 45.º aniversário do AKAA. Num encontro em Fevereiro de 2022, os 20 projetos finalistas foram selecionados por um Grande Júri independente a partir de um conjunto de 463 projetos nomeados para o 15.º Ciclo do Prémio (2020-2022). Posteriormente, após a avaliação presencial dos projetos finalistas por uma equipa de especialistas, o júri escolheu os seis projetos vencedores.
O local da cerimónia de entrega de Prémios
As cerimónias de condecoração dos projetos vencedores e de conclusão de cada ciclo trienal são realizadas em ambientes selecionados pela sua importância arquitetónica e cultural para o mundo muçulmano. Em 2022, a cerimónia terá lugar em Mascate, no Sultanato de Omã, em conjunto com a cerimónia dos Prémios Aga Khan para a Música.
Os locais anteriores incluem algumas das proezas arquitetónicas mais ilustres do mundo muçulmano, incluindo os Jardins Shalimar em Lahore (1980), o Palácio de Topkapi em Istambul (1983), Alhambra em Granada (1998), e o Túmulo do Imperador Humayun em Deli (2004).
Para ter acesso a um dossier de imprensa online completo, com resumos de cada um dos projetos vencedores, imagens de alta resolução e outras informações, consulte: https://the.akdn/2022AwardWinners.
O Grande Júri do Prémio 2022
Os nove membros do Grande Júri independente que selecionaram os 20 projetos finalistas são: Nada Al Hassan, um arquiteto especializado na conservação do património arquitetónico e urbano; Amale Andraos, professora da Escola Superior de Arquitetura, Planeamento e Preservação da Universidade de Columbia; Kader Attia, um artista que explora os amplos efeitos da hegemonia cultural ocidental e do colonialismo; Kazi Khaleed Ashraf, diretor-geral do Instituto de Arquitetura, Paisagens e Assentamentos de Bengala, em Daca, no Bangladesh; Sibel Bozdoğan, Professora Visitante de Arquitetura Moderna e Urbanismo no Departamento de História da Arte e Arquitetura da Universidade de Boston; Lina Ghotmeh, arquiteta franco-libanesa diretora de um escritório em que cada projeto aprende com um passado vernacular para construir um novo “déjà-là”; Francis Kéré, anteriormente galardoado pelo AKAA e arquiteto de renome internacional do Burkina Faso que recebeu o Prémio em 2004 pelo seu primeiro projeto, uma escola primária em Gando, no Burkina Faso; Anne Lacaton, fundadora da Lacaton & Vassal em Bordéus em 1989, que se concentra na generosidade do espaço e na economia dos meios; Nader Tehrani, diretor fundador da NADAAA, uma empresa dedicada à inovação em design, à colaboração e ao diálogo com a indústria da construção.
O Comité Diretivo do Prémio 2022
O Prémio Aga Khan para a Arquitetura é gerido por um Comité Diretivo presidido por Sua Alteza o Aga Khan. Os outros membros do Comité Diretivo são Sheikha Mai Bint Mohammed Al Khalifa, Presidente do Centro Shaikh Ebrahim bin Mohammed Al Khalifa para a Cultura e Investigação, Manama; Emre Arolat, Fundador da EAA - Emre Arolat Architecture, Istambul; Meisa Batayneh, Arquiteta Principal e Fundadora da maisam architects and engineers, Amã; Sir David Chipperfield, Diretor da David Chipperfield Architects, Londres; Souleymane Bachir Diagne, Diretor do Instituto de Estudos Africanos da Universidade de Columbia, Nova Iorque; Nasser Rabbat, Professor Aga Khan do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Cambridge; Marina Tabassum, Diretora da Marina Tabassum Architects, Daca; Sarah M. Whiting, Reitora da Faculdade de Design da Universidade de Harvard, Cambridge. Farrokh Derakhshani é o Diretor do Prémio.
O livro do Prémio 2022
Será publicada pela Architangle em Outubro de 2022 uma monografia que inclui ensaios sobre questões levantadas pelas seleções do Grande Júri para a lista de finalistas e vencedores do Prémio 2022. O livro Inclusive Architecture [Arquitetura Inclusiva], editado por Sarah M. Whiting e impresso em papel com certificação FSC® e Blue Angel, 100% reciclado e climaticamente neutro, apresenta descrições e ilustrações dos 20 projetos finalistas, incluindo os seis vencedores, com contribuições de Kazi Khaleed Ashraf, Sibel Bozdoğan, Souleymane Bachir Diagne, Farrokh Derakhshani, Nasser Rabbat, Nader Teherani e Sarah M. Whiting.
Para mais informações, por favor clique aqui.
Contactos de imprensa:
Semin Abdulla
E-mail: [email protected]
Site: https://the.akdn/architecture
Notas
O Prémio Aga Khan para a Arquitetura reconhece exemplos de excelência arquitetónica nos campos do design contemporâneo, habitação social, melhoria e desenvolvimento comunitário, preservação histórica, reutilização e conservação de espaços, assim como design paisagístico e melhoria do meio ambiente.
É dada especial atenção aos planos de construção que utilizem recursos locais e tecnologia adequada de uma forma inovadora e aos que possam eventualmente inspirar projetos semelhantes em outros locais. Importa referir que o Prémio não premeia apenas arquitetos, distinguindo também municípios, construtores, clientes, mestres artesãos e engenheiros que tenham desempenhado papéis importantes num projeto. Nos últimos 15 ciclos trienais do Prémio, foram premiados 128 projetos, tendo sido documentados cerca de 10 000 projetos de construção.
Para serem elegíveis como candidatos para o ciclo 2022 do Prémio, os projetos devem ter sido concluídos entre 1 de Janeiro de 2015 e 31 de Dezembro de 2020 e devem estar em funcionamento há pelo menos um ano. Os projetos encomendados por Sua Alteza o Aga Khan ou por qualquer uma das instituições da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN) não são elegíveis par este Prémio.
O Prémio Aga Khan para a Arquitetura faz parte da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN). A AKDN, fundada e guiada por Sua Alteza o Aga Khan, trabalha em 30 países para melhorar a qualidade de vida e criar oportunidades para pessoas de todas as religiões e origens. As suas agências gerem mais de 1000 programas e instituições – alguns com mais de um século de história. A abordagem da Rede ao desenvolvimento abrange um conjunto de iniciativas culturais, sociais, económicos e ambientais. Os mandatos das suas agências incluem as áreas da educação e saúde, agricultura e segurança alimentar, microfinanciamento, habitat humano, resposta a situações de crise e a mitigação de desastres, proteção do ambiente, arte, música, arquitetura, planeamento urbano e conservação, e património e preservação cultural. A AKDN emprega aproximadamente 96 000 pessoas, a esmagadora maioria das quais vive em países em desenvolvimento. As despesas anuais da AKDN em atividades de desenvolvimento sem fins lucrativos rondam os mil milhões de dólares.