Fundada e gerida por Sua Alteza o Aga Khan, a Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN) reúne várias agências de desenvolvimento, instituições e programas que trabalham principalmente nas partes mais carenciadas da Ásia e de África. As nossas agências ajudam aqueles que mais precisam a obterem uma maior autossuficiência e a melhorarem a sua qualidade de vida.
O Hospital Aga Khan em Nairobi, Quénia.
AKDN / Gary Otte
Acreditamos que um desenvolvimento bem-sucedido ocorre quando existe uma continuidade de atividades de desenvolvimento que oferecem às pessoas de uma determinada área não apenas um aumento dos seus rendimentos mas uma ampla e sustentada melhoria na sua qualidade de vida no geral. Deste modo, as nossas agências, integram as suas atividades para reforçarem mutuamente os seus esforços e multiplicarem o seu impacto.
Reconhecemos que uma mudança positiva a longo prazo é uma tarefa complexa. A disparidade de rendimentos é apenas um dos aspetos da pobreza. Há outros que podem ser igualmente prejudiciais: a falta de uma educação de qualidade, a incapacidade de resistir a situações de desastre, ou a ausência de organizações competentes na sociedade civil.
Sua Alteza o Aga Khan
Amesterdão, Setembro de 2002
Na África Oriental, por exemplo, as nossas instalações de saúde variam entre clínicas rurais e um grande hospital universitário em Nairobi, com programas de formação de médicos e enfermeiros no sentido de desenvolver recursos humanos. As Academias Aga Khan em Mombaça e Maputo estão a formar uma nova geração de líderes e a providenciar centros de recursos de desenvolvimento profissional para professores locais. Os programas inovadores de cultivo de arroz em Madagáscar e na Tanzânia estão a ajudar a acabar com a estação da fome e a gerar melhores rendimentos para milhares de famílias rurais.
As empresas de projeto do Fundo Aga Khan para o Desenvolvimento Económico (AKFED) desempenham um importante papel económico. A Frigoken, por exemplo, trabalha com dezenas de milhares de pequenos agricultores no processamento de feijão-verde para o mercado europeu. O Nation Media Group, um componente importante da sociedade civil da África Oriental desde que foi lançado no período pós-independência, publica jornais, transmite via rádio e televisão, e está presente nas plataformas digitai. No Uganda, o projeto de energia hidroelétrica de Bujagali, no valor de 900 milhões de dólares, produz um terço da eletricidade do país. Os Hotéis Serena, que gerem 22 propriedades na região, têm sido uma importante entidade inovadora no turismo cultural e ambientalmente sensível. Outras empresas de projeto operam em sectores essenciais, como a produção de embalagens para a agricultura, finanças e farmacêutica.
O Fundo Aga Khan para a Cultura restaura recursos culturais, incluindo locais históricos e espaços abertos para estimular o crescimento económico e o desenvolvimento social.
Este esforço integrado combina uma série de disciplinas e uma variedade de catalisadores para estimular um progresso alargado no desenvolvimento económico, cultural e social e na melhoria da qualidade de vida.
A Academia Aga Khan em Mombaça, Quénia.
AKDN / Lucas Cuervo Moura
Enquanto o 49.º Imam hereditário (líder espiritual) dos muçulmanos ismailis, Sua Alteza o Aga Khan não só lidera a interpretação da fé, como também – através da AKDN – os esforços de melhoria da qualidade de vida da sua comunidade e das sociedades em que esta vive. O princípio orientador das instituições do Imamat é o de substituir os muros que dividem por pontes que unem.
Sua Alteza o Aga Khan
Paris, Junho de 2007
Essencial para este quadro ético é a compaixão pelos menos afortunados, sem comprometer a dignidade dos seres humanos. A caridade pode assumir a forma da riqueza material, mas também pode representar uma dádiva de tempo, conhecimento, capacidade e competências. O objetivo final do trabalho da AKDN é ajudar as pessoas a ultrapassarem a dependência e a tornarem-se autossuficientes.
A ética da AKDN inclui a inclusão e o pluralismo. Não restringimos o nosso trabalho a uma determinada comunidade, país ou região. O nosso objetivo passa por melhorar as condições de vida e as oportunidades das pessoas, independentemente da sua religião, raça, etnia ou género. Os funcionários da AKDN são também de diferentes credos, origens e contextos. Acreditamos que os seres humanos devem ter o espaço e os meios para atingirem o seu potencial máximo, independentemente da sua origem.
A educação e a investigação são os meios através dos quais os indivíduos e as sociedades atingem todo o seu potencial. Com esse objetivo, gerimos mais de 200 escolas, assim como duas universidades com 11 polos. Oferecemos uma série de programas de desenvolvimento escolar desde a primeira infância até à universidade. Desenvolvemos os recursos humanos e a capacidade das instituições, realizamos pesquisas relevantes e defendemos melhorias na educação.
O quadro ético engloba a assistência a doentes e inválidos. Os nossos programas de saúde chegam a mais de oito milhões de pacientes todos os anos.
Nós:
A preservação de uma mente sã e das capacidades mentais estão também entre os princípios fundamentais do código ético do Islão.
A AKDN também acredita que existe uma responsabilidade coletiva para com a Terra - ao nível da gestão ambiental. Cada geração está eticamente obrigada a deixar um ambiente social e físico saudável e sustentável. Esta ética é posta em prática em:
Acreditamos que aqueles que controlam e gerem recursos que beneficiam terceiros estão vinculados ao dever de curadoria. A administração da AKDN é construída sobre os princípios de confiança, idoneidade, equidade e responsabilidade. É expectável que todos os programas da AKDN operem segundo estes princípios.
A Fundação Aga Khan gere um programa de formação para organizações da sociedade civil (OSC) no Egipto, financiado pela Comissão Europeia. O programa ajudou a fortalecer 25 OSC locais em 17 aldeias na região rural de Assuão. As atividades chegaram a mais de 80 000 beneficiários e criaram 450 postos de trabalho.
AKDN / Christopher Wilton-Steer
Uma sociedade civil vibrante e competente é a pedra angular de uma nação saudável e próspera - e uma parte essencial do trabalho da AKDN. No entanto, em muitas partes do mundo, a sociedade civil sofre da falta de conhecimento técnico, recursos humanos e meios financeiros. Para colmatar estas lacunas, apoiamos instituições robustas que experimentam, adaptam e acomodam a diversidade.
Fundadas sobre os princípios da ética e dos valores que impulsionam o progresso e a mudança positiva, estas instituições da sociedade civil - de educação, saúde, ciência e investigação, e cultura, para citar algumas - aproveitam as energias de certos cidadãos comprometidos com o bem comum.
A AKDN apoia 35 000 organizações da sociedade civil que chegam a 9,7 milhões de pessoas. Na Ásia Meridional, por exemplo, a AKDN trabalha com o Centro Paquistanês de Filantropia para ajudar a tornar as ONG mais eficazes, responsáveis e relevantes na resposta às necessidades sociais das comunidades que servem. Na África Oriental, a AKDN está a utilizar dispositivos móveis para ligar comunidades remotas e marginalizadas a cursos de e-learning e para divulgar técnicas agrícolas inovadoras junto de agricultores carenciados. Saiba
Os projetos do Programa de Extensão de Água e Saneamento (WASEP) no Paquistão, como este sistema de filtragem de água em Gilguite-Baltistão, estão a ser replicados com o apoio de governos, beneméritos e parceiros.
AKDN
Ao longo de mais de 50 anos, a AKDN tem trabalhado em ambientes desafiantes ou pobres em recursos. Implementamos respostas inovadoras à escassez de água, forragens e combustível, degradação dos terrenos, risco sísmico, segurança alimentar e outros desafios. As alterações climáticas vieram intensificar muitos problemas.
Desde a década de 1980, os programas rurais premiados da AKDN têm ajudado os agricultores a gerir os seus recursos naturais e a gerar fontes alternativas de rendimento. Têm ajudado comunidades a explorar projetos de irrigação por gotejamento, biogás, centrais hidroelétricas comunitárias, moinhos de vento e energia solar. Têm também ajudado a construir recursos comunitários que abordam as questões climáticas a longo prazo, tais como a plantação de mais de 100 milhões de árvores e o desenvolvimento de fogões sem fumo mais eficientes - entre outros 70 melhoramentos do habitat de baixo custo - que reduzem a necessidade de lenha.
Trabalhamos com as comunidades, principalmente em zonas rurais, para ajudá-las a prepararem-se e a darem resposta a situações de desastre natural e aos efeitos das alterações climáticas. As atividades permitem desenvolver projetos de construção segura e construção resistente a terramotos, o planeamento de aldeias e a mitigação de riscos naturais, o abastecimento de água e saneamento, e o melhoramento das condições de vida doméstica.
Os nossos esforços relacionados com o ambiente e o clima são norteados pelos seguintes princípios:
A agência da Première Agence de Microfinance (PAMF) em Boundiali, no Norte da Costa do Marfim, concede empréstimos destinados principalmente a atividades geradoras de rendimento e destinam-se ao melhoramento da produtividade agrícola, à aquisição de gado e à criação de pequenas empresas em áreas rurais e urbanas.
AKDN
Estamos empenhados em destacar o papel fundamental das mulheres no processo de desenvolvimento e em facilitar a sua participação. Também estamos envolvidos com os homens em torno de mudanças que surjam dos programas e que beneficiem as mulheres.
O compromisso da AKDN para com a igualdade de género é impulsionado pela investigação e pela experiência. Ambos têm mostrado que que a tomada em consideração das questões de género no planeamento de intervenções económicas e sociais aumenta consideravelmente a probabilidade do seu sucesso.
Na maioria dos países e comunidades, o género determina os papéis domésticos e produtivos. As mulheres geralmente têm responsabilidades em ambos, mas a sua capacidade de contribuir para a sociedade é limitada por tradições sociais, culturais e políticas. Em comparação com os homens, a mulheres tendem a ser menos instruídas, mais limitadas nas suas opções e menos bem pagas. No entanto, as mulheres tomam conta dos lares, criam os filhos, passam conhecimentos à próxima geração, cuidam do gado, cultivam e tratam das plantações e, muitas vezes, gerem negócios para complementar o rendimento familiar. As famílias e comunidades beneficiam exponencialmente quando as mulheres são mais bem recompensadas pelo seu esforço e trabalho. Assim que as necessidades de sustento estiverem cobertas, as mulheres imediatamente respondem às necessidades de saúde e educação de outras gerações.
O nosso trabalho visa aumentar a competência e a confiança das mulheres - e, consequentemente, abrir as mentalidades dos homens. Oferecemos às mulheres planos de crédito para as aldeias, formação em silvicultura, alvenaria, gestão de plantações e gado, contabilidade e marketing. Abordamos as barreiras à educação, como por exemplo através da construção de instalações sanitárias nas escolas. Apoiamos pesquisas e iniciativas que visem tornar realidade a participação das mulheres na educação, nas carreiras e na tomada de decisões.
Sua Alteza o Aga Khan
Toronto, Setembro de 2016
O Centro Global pelo Pluralismo em Ottawa, no Canadá, leva a cabo atividades de promoção de sociedades mais inclusivas que garantam que todas as pessoas são reconhecidas e sentem que pertencem. Deborah Ahenkorah, uma empreendedora social e editora livreira do Gana - e uma das vencedoras do Prémio Global de Pluralismo 2019 - discursa durante a cerimónia de entrega de prémios.
AKDN / Patrick Doyle
Promovemos o pluralismo, ou a aceitação da diferença, em muitos dos nossos programas, desde o Museu Aga Khan no Canadá ao programa de leitura para crianças na República do Quirguistão; desde a integração de imigrantes em Lisboa ao ensino de música tradicional na Ásia Central. O nosso objetivo principal é o de desenvolver sociedades civis bem-sucedidas nas quais todos os cidadãos, independentemente das diferenças culturais, religiosas ou étnicas, possam cumprir todo o seu potencial.
De acordo com a nossa experiência, o respeito pelo pluralismo na sociedade é um componente essencial do desenvolvimento. Quando este se quebra, os benefícios de comunidades carenciadas podem ficar congelados durante décadas, particularmente quando ocorrem conflitos civis.
Para promover a compreensão do papel vital que o pluralismo desempenha, o Ismaili Imamat e o Governo Canadiano criaram o Centro Global pelo Pluralismo, um importante centro internacional de pesquisa, educação e intercâmbio acerca dos valores, práticas e políticas que sustentam as sociedades pluralistas.
O Centro leva a cabo pesquisas, concretiza programas, facilita o diálogo, desenvolve materiais pedagógicos e trabalha com parceiros da sociedade civil em todo o mundo para desenvolver as capacidades de indivíduos, grupos, instituições educacionais e governos na promoção de abordagens locais ao pluralismo nos seus próprios países e comunidades.
A Frigoken, empresa de projeto da AKDN, o maior exportador de feijão-verde processado do Quénia, implementa um programa abrangente de bem-estar no local de trabalho e disponibiliza uma creche para as famílias jovens.
AKDN / Lucas Cuervo Moura
O objetivo geral da AKDN é melhorar a Qualidade de Vida (QdV). Isto engloba melhorias nos padrões materiais de vida, saúde e educação e um conjunto de valores e normas dos quais fazem parte o pluralismo e a tolerância cultural, igualdade social e de género, organização da sociedade civil e uma boa administração.
As nossas avaliações de QdV oferecem uma visão geral da forma como a vida das pessoas vem mudando ao longo do tempo, de modo a podermos analisar e ajustar as nossas intervenções.
Ao processar vegetais ao longo do ano, a Frigoken, uma empresa de projeto da AKDN no Quénia, fornece aos pequenos agricultores da África Oriental um mercado garantido durante todo o ano para os seus produtos.
AKDN / Lucas Cuervo Moura
Os modelos de desenvolvimento exigem tempo para demonstrar a sua eficácia e para permitir que as comunidades locais assumam total responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento futuro. As nossas agências assumem, portanto, um compromisso de longo prazo com as áreas em que trabalham.
São guiadas pela filosofia de que a mudança só pode acontecer e ser duradoura quando reflete as escolhas feitas pelas próprias pessoas acerca do modo como vivem e de como desejam melhorar as suas perspetivas em harmonia com o seu ambiente.
O programa de Leitura para Crianças em Bihar, Índia.
AKDN
É necessária uma estratégia de longo prazo para tirar as pessoas com necessidades do ciclo de pobreza e desenvolver os recursos comunitários de uma forma que conduza à autossuficiência. Isto começa com uma análise aprofundada das múltiplas causas da pobreza, com base numa consulta à comunidade. Consequentemente, implementamos programas integrados simultaneamente.
Um programa para a redução da pobreza tem de incluir variáveis como a educação e a capacitação, saúde e serviços públicos, conservação do património cultural, desenvolvimento de infraestruturas, planeamento e reabilitação urbana, gestão de água e energia e até a promoção de políticas e leis.
Para esse efeito, temos vindo a desenvolver instituições e programas de longo prazo há mais de 50 anos, incluindo:
No Tajiquistão, o Programa de Apoio ao Desenvolvimento das Sociedades de Montanha (MSDSP) forma voluntários como Promotores de Saúde Comunitária (PSC) para ajudar a incentivar práticas saudáveis e apoiar na distribuição de contracetivos, micronutrientes e soluções de reidratação oral, entre outros.
AKDN / Jean-Luc Ray
A AKDN baseia-se na tradição ismaili do serviço voluntário para ajudar a implementar e manter projetos, nomeadamente em instalações de saúde e educação. Outras pessoas fora da comunidade ismaili contribuem voluntariamente com as suas energias para a criação ou manutenção de instalações que melhorem a qualidade de vida. Muitas pessoas participam em eventos anuais de angariação de fundos, cujos lucros revertem diretamente para programas em países em desenvolvimento.
Exemplos de serviço voluntário incluem arquitetos e urbanistas profissionais que oferecem os seus conhecimentos para ajudar populações rurais com projetos de construção de "autoajuda"; organizações comunitárias de mulheres em aldeias remotas que gerem centros de cuidados primários de saúde; e comunidades na África Oriental que gerem os próprios infantários.