20 junho 2025 · 4 Min
A música cria ligações. Fortalece o cérebro, estimula a aprendizagem e a memória. Liga as sociedades às suas histórias e junta músicos e amantes da música de todos os continentes. Neste Dia Mundial da Música, 25 anos após a criação do Programa Aga Khan para a Música, (AKMP) e no ano da terceira edição dos Prémios Aga Khan para a Música, exploramos os efeitos poderosos da música nos artistas e nos ouvintes.
Crianças divertem-se na aula de música da Creche e Escola Básica Aga Khan, em Dar es Salaam.
AKS
“Os grandes filósofos Árabes medievais, muitos dos quais também eram teóricos da música e até músicos talentosos, tinham uma compreensão profunda do poder do som e de como afetava a psique e as emoções humanas. Somos os herdeiros do seu conhecimento”, afirmou o Príncipe Amyn Aga Khan nos Prémios Aga Khan para a Música 2022.
Músicos Sem Fronteiras
Um público no Reino Unido reage a um concerto da Ásia Central.
AKMP / Sebastian Schutyser
Abazbek, um professor de música do Quirguistão, afirma: “Através da música, ensinamos os alunos a exprimir as suas opiniões e a desenvolver a sua consciência. A música é uma forma de comunicação e também uma forma de desenvolver competências de liderança.” Altynai Ryskulovna Musaeva, professora de Línguas e Literaturas, concorda. “Através da parceria com o Centro Ustatshakirt, os nossos alunos aprendem sobre o seu património cultural, bem como sobre o mundo mais vasto da música. O programa estimula o talento e criatividade de todos.”
“As comunidades que servimos nunca encararam a música como mero entretenimento”, afirma Fairouz Nishanova, Diretora do Programa Aga Khan para a Música. “É um modo de vida, uma forma de transmitir a História de geração em geração, e também diz respeito a costumes, comportamentos e histórias da terra natal.” Veja a entrevista
Os alunos do Programa Umtul do Centro Ustatshakirt atuam no Salão Filarmónico Nacional de Bishkek.
AKMP
Raziya Sardybaeva é presidente do Conselho de Coordenação do Centro Ustatshakirt para a Música Tradicional, criado há 20 anos com o apoio do Programa Aga Khan para a Música.
“A música tradicional do Quirguistão é muito diferente da música europeia. Durante mais de 70 anos, os nossos instrumentos autênticos foram perdidos e as pessoas usavam instrumentos europeizados. Por exemplo, o kyl-kiyak de duas cordas passou a ter quatro cordas e começou a usar cordas de metal em vez de crina de cavalo. A técnica de execução, as composições e o repertório tornaram-se completamente diferentes.”
“As pessoas começaram a esquecer o verdadeiro som daqueles instrumentos, os seus nomes e os nomes dos seus mestres. Deixaram de compreender o significado que estava escrito nas entrelinhas.”
O Centro criou programas de ensino que utilizam os instrumentos autênticos. E eles fazem agora parte do currículo nacional.
Estes alunos estão entre os 10 mil que aprenderam a tocar o komuz tradicional do Quirguistão graças ao Centro Ustatshakirt.
AKMP
“Primeiro, os nossos alunos só conseguiam tocar o que ouviam os professores tocar”, diz Raziya. “Os amigos achavam isso estranho.”
“Mas, hoje em dia, são eles que criam música, e de forma tão autêntica que ressoa entre os seus pares. Estes jovens músicos tornaram-se uma ponte entre gerações e entre diferentes gostos musicais.”
“Trata-se de respeitar e honrar as tradições, e não vê-las como barreiras, mas como trampolins para novas criações”, confirma Fairouz. Saiba mais
Uma ponte entre gerações: o Centro de Música Leif Larson em Hunza, criado pela AKDN e pela Embaixada Real da Noruega em Islamabad, oferece aos jovens aulas de música gratuitas e oportunidades de atuação.
AKDN / Christopher Wilton Steer
O antigo sapateiro Ali Ahmed passou quatro anos a aprender saxofone na Escola de Artes Al-Darb Al-Ahmar, no Egito, fundada pelo AKMP. Agora, ele trabalha numa banda. “A escola levou-me a um lugar completamente diferente e melhor. Eu tinha muitas dívidas, desde que era criança, e consegui pagá-las através da música.”
AKMP
“Os jovens que vieram para a nossa academia em 2003 agora são diretores do Conservatório Nacional, da Orquestra Sinfónica Nacional, da Orquestra Nacional Maqam, da Rádio e Televisão Nacionais”, diz Fairouz. “É aqui que percebemos que alcançámos realmente o nosso público: a atitude deles em relação à música dos seus antepassados foi aprimorada por essa passagem pelo sistema de escolas de música que ajudamos a criar.”
“Os nossos alunos mais talentosos e bem-sucedidos ganham a vida com a música”, diz Raziya. “Eles tornaram-se engenheiros de som e compositores, alguns tocam em conjuntos musicais e muitos tornaram-se líderes, criando os seus próprios conjuntos e estabelecendo a sua própria visão artística.”
A antiga aluna do Centro de Música Leif Larson, Asiya Shah, estuda na Faculdade Nacional de Artes, em Lahore. Pretende regressar a Hunza para ensinar música a meninas e mulheres.
“Dizemos que estas músicas e instrumentos vêm de outras culturas”, diz Wu Man, a mundialmente reconhecida intérprete e compositora de pipa. “Mas o que significa isso? O meu próprio instrumento, pipa, veio da Pérsia e da Ásia Central através das rotas comerciais da Rota da Seda, há 2000 anos, e desenvolveu-se ainda mais na China. A música viaja entre regiões e países, e do passado para o futuro.”
Ryan Buchanan
Príncipe Amyn Aga Khan
“A música é uma linguagem universal falada e compreendida por todos os povos com facilidade, o que promove o diálogo entre as civilizações”, afirmou Sua Excelência o Dr. Jamal Hassan al-Moosawi, Diretor do Museu Nacional de Omã, na cerimónia de entrega dos Prémios Aga Khan para a Música 2022.
Sua Alteza o falecido Aga Khan IV, nos Prémios Aga Khan para a Música 2019
Um projeto apoiado pelo AKMP para a produção musical nas comunidades deslocadas no Mali visava estabelecer uma ligação à memória cultural, para uma futura revitalização. Este grupo atuou no Dia Mundial dos Refugiados de 2017, na sede do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
UNHCR / Susan Hopper
Sua Alteza o falecido Aga Khan IV
Atraindo residentes e turistas, empresas e investidores, um setor cultural vibrante reúne as comunidades para eventos, cria oportunidades de emprego e de empreendedorismo e capitaliza a cultura local - frequentemente o maior ativo de uma região.
Este concerto de homenagem ao poeta Sufista Hazrat Amir Khusrau, fez parte de uma série de concertos organizada pelo Fundo Aga Khan para a Cultura (AKTC) e pela Fundação Ford, no âmbito da renovação da zona perto do túmulo de Humayun, em Deli, efectuada pelo AKTC. Programas de televisão, exposições e passeios pelos monumentos chamaram mais a atenção para esta zona.
Ram Rahman
“Todo este trabalho [AKMP] complementou os nossos outros esforços para promover o desenvolvimento económico e social, contribuindo para comunidades mais estáveis, fomentando um novo sentido de inspiração e esperança, e construindo vetores de ligação humana ao longo de antigas divisões”, disse Sua Alteza o falecido Aga Khan IV.
O AKMP já apoiou mais de 40 mil músicos e professores de música.
“A música é o outro mundo inacreditável, um lar, um lugar onde podemos falar com a nossa própria alma”, diz a vencedora do Prémio Aga Khan para a Música 2022, Peni Candra Rini.
Dinda Imroatul Bariroh