Fairouz Nishanova
Em meados da década de 1990, a Ásia Central carecia de instituições civis e financeiras, depois de décadas de domínio soviético terem chegado ao fim. A AKDN expandiu a sua presença na região, com atividades de desenvolvimento económico e social. Foi também planeado um novo programa cultural. “E o que Sua Alteza tem vindo a fazer há décadas é provar consistentemente, através do trabalho do Fundo Aga Khan para a Cultura, que quando se protege e investe devidamente na cultura esta não só deixa de ser um fardo no orçamento de terceiros como se torna verdadeiramente um trampolim a partir do qual todas as outras atividades podem crescer.”
Ao mesmo tempo, o violoncelista Yo-Yo Ma estava a criar o Projeto Rota da Seda nos EUA para promover as colaborações e o intercâmbio artístico multicultural, levando Fairouz a perguntar-se por que razão os compositores da Ásia Central não estavam a criar música na mesma medida de artistas da China, Irão ou Índia. “Porque esta música é o pilar da vida das comunidades, tornou-se perigosa [para os governantes]”, reconheceu. “Quando é preciso criar um novo tipo de cidadão, é a música que tem de ser eliminada. A venerável arte do ustod-shogird, mestre-aprendiz, tinha sido destruída…Não existia uma nova geração de artistas, nem uma nova geração de públicos.”
Para revitalizar as tradições musicais da Ásia Central, o AKMP procurou mestres em música e deu-lhes os meios administrativos e financeiros para ensinarem: no Cazaquistão, as aulas de música baseadas no método do AKMP estão agora disponíveis para todos os alunos do ensino secundário. Em seguida, realizaram concertos em locais mundialmente famosos, como o Carnegie Hall, em Nova Iorque, para elevar o estatuto social dos músicos nos seus países de origem. “Só colocamos em palco a música da mais alta qualidade, porque toca os corações e as almas dos ouvintes, independentemente do seu contexto cultural.” Começaram a produzir música, a encomendar música nova e a tutelar aspirantes a músicos. Por fim, criaram-se os Prémios, abertos a artistas para lá do âmbito geográfico do AKMP.
“Quando estávamos a construir o Programa para a Música, Sua Alteza nunca perdia uma atuação ao vivo. Ele conversava com os artistas para saber o que lhes fazia mais falta e qual a melhor maneira de lá chegar. Ele sentou-se no chão ao lado de um intérprete de rubab afegão em Paris e, passados cinco minutos, conseguimos perceber o que teria de ser feito nos próximos 15 anos. Essa vontade de reconhecer o quanto a música faz por uma comunidade, por uma sociedade, é, para mim, algo incomparável.
Quando as crianças que vieram para a nossa academia em 2003 são hoje em dia o Diretor do Conservatório Nacional, o Diretor da Orquestra Sinfónica Nacional, o Diretor da Orquestra Nacional Maqam, o Diretor da Rádio e Televisão Nacional... aí é que vemos realmente o impacto”, conclui Fairouz.
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