Tanzania · 9 maio 2019 · 3 Min
Por Sharon Brownie, Investigadora Associada da Universidade de Oxford e Antiga Diretora da Escola de Enfermagem e Obstetrícia da Universidade Aga Khan
Todos os anos, em Maio, as comunidades globais unem-se para reconhecer e celebrar as contribuições de enfermeiros e parteiras. Num total de 23 milhões, os enfermeiros e parteiras são o maior grupo profissional no sector da saúde a nível mundial, totalizando 50% da força de trabalho total na área da saúde e até 85% em muitos locais com poucos recursos. Como profissão, os enfermeiros e parteiras estão mais próximos do atendimento - ao lado da cama, nas residências e nas comunidades. Eles testemunham em primeira mão as influências e o impacto dos fatores sociais, ambientais, económicos e políticos na saúde das famílias e comunidades. Deste modo, os enfermeiros têm uma capacidade substancial de influenciar as políticas e práticas de saúde e socioeconómicas e de fazer exercer esse poder a uma escala global. Enquanto o maior grupo de profissionais de saúde, os enfermeiros e parteiras têm mais capacidade de defender e influenciar as melhores práticas e de criar mudança. Com o devido apoio e autorizados a realizar todo o seu potencial, reside neles a solução para uma rápida melhoria de cuidados de saúde que sejam acessíveis para todos.
Atualmente, existem quase mil milhões de pessoas sem acesso a cuidados de saúde de qualidade. Não há nenhum lugar onde isto seja mais verdadeiro do que em áreas de baixos rendimentos, como a África Oriental. Particularmente em África, existem necessidades e oportunidades em grande escala para o envolvimento da enfermagem na abordagem e resolução de problemas de saúde materno-infantil e saúde na adolescência, e questões socioeconómicas. Na maioria das unidades de cuidados de saúde primários, o único profissional de saúde é um enfermeiro ou parteira. No entanto, aquilo que ouvimos mais frequentemente de enfermeiros e parteiras em contextos com poucos recursos é a escassez de recursos humanos e as falhas em larga escala nos cuidados ao paciente. Embora haja escassez, existem muitos enfermeiros a trabalhar nestes contextos, prestando cuidados em ambientes desafiantes, trabalhando com competência e dedicação, apesar do défice de recursos e do elevado número de pacientes - as suas histórias à espera de serem contadas e a sua invisibilidade revelada.
Assim, ao celebrarmos o Dia Internacional dos Enfermeiros e o Dia Internacional das Parteiras de 2019, tenho o privilégio e a humildade de ter trabalhado com uma equipa de ilustres coautores e fotógrafos para apresentar duas coleções de ensaios fotográficos que perfilam o extraordinário trabalho e as contribuições de 65 enfermeiros e parteiras de países da África Oriental, do Quénia, Uganda, Tanzânia e do Arquipélago de Zanzibar.
A riqueza e a diversidade das suas histórias ilustram a enorme contribuição que enfermeiros e parteiras podem dar ao sector da saúde das suas comunidades e a progredir no sentido de uma cobertura universal de saúde. As suas histórias mostram o sentido de liderança na prática, em contextos políticos e no ensino. As histórias incluem exemplos de serviços liderados por enfermeiros, partilha de tarefas com outros membros de equipas multidisciplinares e prática independente, o que mostra que os enfermeiros e parteiras da África Oriental estão na vanguarda da inovação e da prática em cuidados de saúde.
Obrigada a cada enfermeiro e parteira que partilhou connosco as suas histórias. Juntos celebramos as vossas histórias de liderança, inovação e cuidados destemidos nas comunidades em que trabalham.
A professora Sharon Brownie, atualmente na Universidade de Oxford, foi Diretora da Escola de Enfermagem e Obstetrícia da Universidade Aga Khan (AKU-SONAM) entre Setembro de 2015 e Abril de 2019. Ela é também coautora dos livros 'Enfermeiros e Parteiras - Líderes em Cuidados de Saúde na África Oriental ' e 'Zanzibar - Enfermeiros e Parteiras: A Transformarem o Panorama da Saúde'.