Na remota região de Mopti, localizada na orla do deserto do Saara, quase 90% da população são agricultores a viverem abaixo do limiar da pobreza. Estes agricultores enfrentam muitos desafios: a mortalidade infantil é 30% mais alta do que a média nacional do Mali, de acordo com o Fundo Monetário Internacional; mais de um terço das crianças na região de Mopti sofrem de subnutrição crónica; e as famílias normalmente só têm comida para nove meses num ano. A principal causa da pobreza é a baixa produtividade agrícola causada por chuvas irregulares, meios limitados para a gestão da água, serviços inadequados de apoio à agricultura e constante conflitos no país.

Agricultura e Segurança Alimentar

Com a convicção de que o desenvolvimento de métodos sustentáveis de produção de alimentos continua a ser a alternativa mais segura para erradicar a fome e melhorar os meios de subsistência, a Fundação Aga Khan (AKF) esforçou-se por atenuar as ameaças à agricultura e à segurança alimentar e mitigar os efeitos das alterações climáticas. Orientámos as nossas intervenções no sentido de aumentar os rendimentos das famílias através:

• da melhoria da produtividade dos agricultores através da formação;
• do aumento do acesso a matérias-primas;
• da introdução de novas variedades de sementes mais adaptadas ao clima do deserto;
• da introdução de técnicas agrícolas inovadoras;

• do apoio aos agricultores na colocação dos seus produtos no mercado;
• do ensino da agricultura enquanto um negócio;
• da ajuda aos agricultores para que acrescentem valor às suas colheitas e possam vendê-las por um preço mais alto; e
• da capacitação dos agricultores para que comercializem as suas colheitas junto dos grandes distribuidores e lojas de retalho.

Mais de 3000 agricultores receberam formação para melhorarem a produção de arroz e o uso de sementes de qualidade.

A equipa também trabalhou com cooperativas e associações de agricultores para elaborar os seus planos de negócios. A AKF colaborou com a Agência Aga Khan para o Microfinanciamento (AKAM) para ajudar os agricultores e as comunidades locais a terem acesso a serviços de microfinanciamento para comprar sementes e fertilizantes certificados e melhorados, desenvolver os seus pequenos negócios e acrescentar valor à sua produção. No total, a AKDN trabalhou com mais de 43 000 agricultores na região

Exemplos de projetos

O projeto Alimentação para o Progresso III aumentou a produtividade agrícola ao:

• desenvolver as infraestruturas para a produção de arroz e legumes;
• formar produtores em técnicas e gestão melhoradas; e
• aumentar o comércio de produtos agrícolas através de técnicas pós-colheita e do fortalecimento das cadeias de valor de grãos e dos vínculos aos mercados.

Outro programa popularizou as melhores práticas agroflorestais com o intuito de melhorar os meios de subsistência e a comercialização de produtos florestais com alto valor nutricional e económico.

Trabalhámos para aumentar a produção, a produtividade e a rentabilidade do sorgo e do painço através de tecnologias reforçadas, de vínculos com fornecedores de matérias-primas e do desenvolvimento da cadeia de valor. Mais de 10 500 agricultores receberam formação em variedades melhoradas e na produção de painço e sorgo.

Ajudámos a melhorar a apropriação de novas tecnologias para a produção de amendoim, envolvendo variedades melhoradas e a gestão de culturas, comercialização de sementes em larga escala e processamento em pequena escala.

Ajudámos a fortalecer a resiliência à insegurança nutricional e aos choques económicos num projeto que deu dinheiro às 189 famílias mais carenciadas do município de Fakala/Djenné.

Igualdade de Género

As mulheres desempenham um papel fundamental no desenvolvimento social sustentável. Elas são as principais produtoras de vegetais. Quando têm acesso a mais vegetais durante todo o ano e são capazes de tomar melhores decisões nutricionais, isto pode resultar em crianças mais saudáveis prontas a aprender. Deste modo, este projeto concentrou-se não apenas em culturas comerciais que contribuem para o orçamento familiar, mas também em culturas que contribuíram para a dieta familiar. O projeto ajudou as mulheres agricultoras a aumentar a produtividade das suas culturas com melhores variedades de sementes e a aumentar os seus rendimentos organizando cooperativas e usando informações do mercado para vender a preços mais altos. Mais de 4000 mulheres receberam formação em novas técnicas de produção de vegetais.

Saúde

O programa de saúde trabalhou com cerca de 450 000 beneficiários em 27 municípios da região, melhorando o acesso físico e financeiro aos cuidados de saúde. Este incluiu a criação ou reabilitação de maternidades rurais com equipamentos modernos, provisões de medicamentos e recursos humanos adequados; melhoria das instalações de água potável e saneamento; e o encorajamento de melhores práticas nutricionais.

Educação

No sector da educação, as atividades centraram-se em:

• melhorar o acesso a serviços educativos de qualidade;
• melhorar as taxas de inscrições nas escolas;
• reforçar as competências de leitura;
• oferecer formação em administração e gestão de escolas;
• produzir livros didáticos e ferramentas de leitura;
• melhorar infraestruturas; e
• fomentar a participação da comunidade.

Sociedade Civil

Para contribuir para o surgimento de uma sociedade civil forte e vibrante e para o desenvolvimento local na região de Mopti, o Programa Coordenado de Desenvolvimento da Área de Mopti apoiou a criação e o fortalecimento de organizações de aldeias, comités de gestão escolar, grupos de agricultores e comités comunitários de saúde. Ao incentivar a administração comunitária, reforçou as capacidades das organizações e ajudou a desenvolver uma melhor colaboração entre as autoridades municipais e as organizações da sociedade civil.

Parceiros

O Programa de Desenvolvimento da Área Mopti foi apoiado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, pelo Departamento de Negócios Estrangeiros, pela Global Affairs Canadá, pela União Europeia, pela Agência Francesa de Desenvolvimento e pela Fundação Orange.