31 maio 2021 · 4 Min
AKDN / Lucas Cuervo Moura
Michael Kocher é o Diretor Geral da Fundação Aga Khan (AKF). Ele lidera os esforços multissectoriais da AKF nas áreas da agricultura e segurança alimentar, inclusão económica, educação, desenvolvimento na primeira infância, saúde e nutrição, e sociedade civil em 20 países da Ásia Central e do Sul, África Subsaariana, Médio Oriente, América do Norte e Europa Ocidental. Kocher envolve, nestes vários contextos, as agências irmãs da AKF da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN) e um vasto número de parceiros externos. Antes de se juntar à AKF, Kocher foi Vice-Presidente para os Programas Internacionais no Comité Internacional de Socorro, em Nova Iorque, tendo liderado esforços de desenvolvimento em múltiplos sectores, na resposta a emergências e no apoio a refugiados e deslocados internos. O seu trabalho de campo tem abrangido muitos países, incluindo Afeganistão, Paquistão, Iraque, Indonésia, Quénia, Sudão do Sul, Haiti, Bósnia, entre outros.
Michael Kocher.
AKDN
A AKDN é um dos parceiros fundadores do Prémio Earthshot. Por que razão estão envolvidos em questões relacionadas com as alterações climáticas?
A AKDN tem orgulho em ser um Parceiro Fundador da Aliança Global, colaborando com o Prémio Earthshot para concretizar a ambição, a dimensão e o alcance do Prémio através tanto do financiamento como dos objetivos da parceria. Os valores partilhados entre o Prémio Earthshot e a AKDN estão no cerne da nossa colaboração. Sem dúvida que a gestão responsável do ambiente é fundamental para a nossa missão de melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dos mais carenciados e vulneráveis da sociedade.
O Príncipe Rahim Aga Khan, Presidente do Comité do Ambiente e Clima da AKDN, disse: “É nossa responsabilidade coletiva sermos uns bons gestores do planeta. Neste momento decisivo, temos todos de estimular e investir em soluções que possam recuperar o nosso planeta antes que seja tarde demais.”
Ele disse ainda que “As décadas de progresso estão hoje em jogo: a degradação ambiental e as alterações climáticas irão eliminar completamente estes avanços, a não ser que atuemos agora com urgência e convicção. Com o intuito de fazer a sua parte, a AKDN tem como objetivo atingir a neutralidade em emissões de carbono nas suas próprias operações e irá mobilizar as suas agências para mitigar os efeitos das alterações climáticas e ajudar as comunidades vulneráveis a adaptarem-se.”
Barsem, Tajiquistão. Um lago nas imediações causou uma torrente de lama em 2015, causada pelas altas temperaturas e por um rápido degelo da neve e dos glaciares. A Agência Aga Khan para o Habitat ajudou a comunidade a recuperar com a construção de novas habitações, sistemas de água e outras infraestruturas, incluindo esta ponte.
AKDN / Christopher Wilton-Steer
Tradicionalmente, que tem feito a AKDN em matéria de desenvolvimento que possa ser considerado como amigo do ambiente?
A AKDN tem uma série de agências com um envolvimento significativo na abordagem às alterações climáticas. Entre as várias iniciativas incluem-se centrais elétricas de energia limpa em grande escala, hospitais e centros de saúde amigos do clima, a redução do risco de desastres, turismo com consciência ambiental, Investigação universitária sobre o clima e práticas agrícolas saudáveis para o ambiente. Para além disso, existem iniciativas contínuas para a redução da pegada de carbono em todas as operações, nomeadamente através de um cuidado com a geração e consumo de energia, as viagens, compensações, plásticos e outros resíduos descartáveis, entre outros.
Enquanto Diretor Geral da Fundação Aga Khan, estou profundamente preocupado com o impacto que as alterações climáticas já estão a ter, especialmente nas áreas rurais e remotas onde trabalhamos. Por exemplo, temos assistido a eventos climáticos cada vez mais frequentes e severos, como inundações e avalanches na Ásia Central. No entanto, também me sinto inspirado pelas soluções inovadoras levadas a cabo pelas comunidades que surgem todos os dias e que ajudam a desenvolver uma resiliência em relação às alterações climáticas.
Vista aérea do sistema de irrigação alimentado a energia solar em Bihar, Índia, com o apoio do Programa Aga Khan de Apoio Rural.
AKDN / Aarsh Mehta
Os programas de resiliência climática da Fundação operam em três ecossistemas principais: (i) montanhas, que incluem partes do Afeganistão, Tajiquistão, Quirguistão e norte do Paquistão; (ii) áreas costeiras, que incluem partes da Índia, Quénia, Tanzânia, Moçambique e Madagáscar; e (iii) planícies, que incluem partes da Ásia do Sul e da África Oriental.
Ao longo das últimas décadas, temos promovido uma gestão comunitária dos recursos naturais, em conjunto com mais de 570 000 agricultores e 12 000 instituições locais de gestão de recursos naturais (existem mais de 300 000 mulheres organizadas em coletivos). O envolvimento com a sociedade civil é fundamental nestes esforços. Trabalhámos com as comunidades para plantar mais de 56 milhões de árvores e estabelecer mais de 50 megawatts de energia limpa, principalmente em ecossistemas montanhosos, algo que reduziu significativamente a pressão sobre as florestas. Promovemos ainda a irrigação de mais de 220 000 hectares de terra através da instalação de mais de 7000 sistemas de irrigação.
Além disso, continuamos a fortalecer as abordagens das comunidades no apoio à pecuária, sequestro de carbono no solo e gestão de bacias hidrográficas. Fomos também pioneiros na criação de modelos que garantem a resiliência da comunidade através da diversificação económica, incluindo empregos não-agrícolas, lado a lado com mais de 6000 empresas e instituições financeiras locais.
Como é que a natureza dos programas AKDN mudou para refletir o objetivo futuro da neutralidade de carbono?
Estamos a evoluir os nossos programas em vários aspetos:
Em Hyderabad, na Índia, o projeto de agricultura orgânica da Academia Aga Khan ajuda a ensinar os alunos a tornarem-se bons gestores da terra.
AKDN / Tara Menon