Por Dr. Amina Mohamed, Nairobi, Quénia · 13 fevereiro 2019 · 8 Min
Presidente da Universidade Aga Khan, Sr. Firoz Rasul,
Membro do Conselho de Administração, Sr. Yusuf H Keshavjee,
Reitor e Vice-Presidente Académico, Dr. Carl Amrhein,
Membros do Governo e do Corpo Diplomático,
Reitores,
Membros do Corpo Docente, e funcionários da Universidade,
Ex-alunos,
Ilustres Convidados,
Pais, Encarregados de Educação,
Turma Finalista de 2018,
Senhoras e Senhores,
Estou encantada por fazer parte desta 15.ª Cerimónia de Entrega de Diplomas da Universidade Aga Khan. Quero felicitar os diplomados aqui reunidos, que trabalharam intensamente em busca de conhecimento e excelência. O vosso esforço deu finalmente frutos.
Hoje inicia-se uma fase especial nas vossas vidas: um momento especial de realização pessoal e de grande orgulho por parte da sociedade. Desfrutem-no e entrem no mundo do trabalho ou da gestão com a mesma dedicação e zelo que demonstraram durante o vosso tempo aqui. Quero elogiar a Universidade Aga Khan por vos preparar tão bem para o mercado de trabalho. Juntem-se a mim, por favor, para reconhecer Sua Alteza o Aga Khan pelas vastas contribuições que tem realizado por todo o mundo, na África Oriental e, claro, no Quénia.
Não podemos agradecer o suficiente. Incito-vos a serem bons e nobres cidadãos e a contribuírem para o nosso desenvolvimento nacional com integridade e compromisso, fazendo com que a Universidade tenha orgulho em vocês.
Existe um consenso na psicologia cognitiva de que é preciso conhecimento para adquirir conhecimento e que as pessoas mais instruídas não são aquelas que sabem tudo, mas aquelas que sabem sempre onde encontrar informações relevantes. Essa competência é algo que levarão hoje convosco quando deixarem esta instituição. Usem-na para o bem dos outros, das vossas comunidades e do vosso país. Costuma-se dizer que a vossa educação é um ensaio geral para uma vida na qual serão o protagonista. Conduzam-na bem, com compaixão e dedicação. Sejam ambiciosos e graciosos, sonhem alto; como alguém já disse antes, se os vossos sonhos não vos assustarem, então não estão a sonhar tão alto quanto deviam. (Ellen Johnson Sirleaf, Ex-Presidente da Libéria)
Senhoras e Senhores,
As universidades são as maiores instituições de aprendizagem e investigação. As universidades, enquanto responsáveis pela transmissão de competências de grau elevado, irão continuar a impulsionar o nosso plano nacional de desenvolvimento tecnológico e industrial, assim como o progresso do conhecimento em todas as outras áreas de interesse nacional. Vivemos num paradigma complexo de procura e oferta de competências que é imprevisível e altamente competitivo. Temos, portanto, de promover um sistema de educação que se concentre no indivíduo e o prepare de forma adequada para o mercado de trabalho.
A nível global, o retorno económico dos licenciados do ensino superior é o mais alto de todo o sistema educacional - um aumento estimado de 17% nos rendimentos, em comparação com 10% para o ensino primário e 7% para o ensino secundário (Banco Mundial, 2017).
No entanto, continuamos a ter altos níveis de desemprego como resultado da automatização, da incompatibilidade entre a formação e as necessidades dos sectores, uma preparação inadequada após a licenciatura para recém-diplomados, e uma discrepância entre a elevada oferta de competências e uma baixa procura por parte do mercado. Isto exigiu uma introspeção crítica da parte do sector, e a inevitável necessidade de reformar a educação universitária para garantir qualidade e relevância.
A crescente taxa de desemprego e subemprego entre os jovens é uma grande preocupação. Um estudo realizado pela Dalberg em 2018 revelou que aproximadamente 84% e 60% de toda a força de trabalho era composta por jovens entre os 15 e os 35 anos que estavam desempregados ou subempregados. Embora a situação dos jovens tenha sido avaliada apenas pelo prisma do desemprego, os estudos mostram que o subemprego é hoje sinónimo de desemprego. A maioria dos recém-licenciados são designados como estando empregados, quando na verdade recebem ordenados muito baixos (0,2 dólares por dia) ou não recebem qualquer remuneração.
A Dalberg estima que, em 2023, o mercado de trabalho tenha mais 2,3 milhões de jovens, e que haverá um total de 6,1 milhões de jovens quenianos desempregados ou subempregados. Este número leva em consideração a expectável criação de 8,5 milhões de novos empregos. Perante este cenário, todo o panorama de formação de competências necessita de uma mudança de política urgente, prática e prioritária, levando em consideração os efeitos destas mudanças dinâmicas.
Senhoras e Senhores,
Para poder proporcionar uma formação relevante e de qualidade, é necessária uma revisão sistemática dos constrangimentos que afetam o sector do ensino superior. Estes constrangimentos incluem: currículos mal alinhados com as necessidades da economia do conhecimento, um declínio na qualidade da educação, infraestruturas desadequadas que não acompanham as reformas curriculares e um maior número de matrículas, o que tem levado a uma sobrecarga dos docentes e ao desgaste das infraestruturas disponíveis, empregos paralelos e horários desadequados de contacto entre professores e alunos, os padrões e a profundidade da investigação em declínio, e uma diminuição da liquidez.
Para enfrentar estes desafios, o Ministério propôs e está a implementar as seguintes medidas para otimizar o ensino superior:
1. Aumentar o capital dedicado à investigação e inovação.
2. A Comissão para a Educação Universitária está a analisar a profundidade e a substância dos programas universitários para eliminar a duplicação de módulos e conteúdos superficiais nos cursos.
3. Para colmatar o desequilíbrio entre as competências e as indústrias, criei os serviços do Gabinete de Carreira, uma funcionalidade obrigatória em todas as instituições do ensino superior. Foi exigido a todas as instituições o cumprimento desta diretiva até 31 de dezembro de 2018. Neste sentido, solicitei aos Departamentos de Estado para a Educação Universitária e Formação Profissional e Técnica que realizassem uma auditoria em todas as Universidades para verificar se esta diretiva foi já totalmente cumprida.
4. 75% de todas as bolsas de estudo coordenadas e oferecidas pelo governo serão reservadas para o corpo docente das universidades, com o objetivo de fortalecer as capacidades e aumentar o conhecimento para que seja possível oferecer uma educação de nível internacional.
5. As universidades deverão aumentar o número de matrículas nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia, Matemática, Agricultura e Pesca (STEMAF), no sentido de desenvolver capacidades e cumprir o plano 'Big 4 Agenda'. Estes cursos irão criar as competências de que precisamos para transformar o Quénia numa 'nova economia industrializada e de classe média.' É encorajador observar que já duplicámos o número de alunos matriculados nas disciplinas de STEM de 20% para 44,8% no ano letivo de 2017/2018.
6. Para além disso, lancei o Programa de Ciência, Tecnologia e Inovação Fora da Escola (OSSTEI) com o objetivo de criar uma cultura de criatividade, inovação, curiosidade e empreendedorismo produtivo. Peço às instituições do ensino superior que se associem aos promotores deste programa em todos os condados para criar espaço para o desenvolvimento e a experimentação em laboratório, à medida que formos implementando este programa em todo o país.
7. Para sobreviver a estes tempos complicados a nível económico, proibimos a expansão das universidades através de polos satélites e estamos a apoiar as atuais medidas de austeridade, à medida que as universidades repensam as suas estratégias para aumentar o capital mediante operações sustentáveis. As universidades também deverão desenvolver formas inovadoras de gerar rendimentos adicionais para complementar o financiamento por parte do governo.
· Estamos a colaborar com os nossos parceiros para expandir a nossa interface de intercâmbio intelectual com outras universidades de renome a nível mundial.
· Em março de 2019, irei encabeçar uma delegação de 10 Vice-Reitores de Universidades locais que irá ao Reino Unido para conhecer e interagir com 10 Vice-Reitores de instituições sediadas no Reino Unido, num projeto de colaboração ativa, o primeiro do seu género. Espero que este processo cuidadosamente ponderado venha a oferecer uma oportunidade às nossas universidades locais de encontrar formas de se envolverem com os seus homólogos no Reino Unido, particularmente nos campos da investigação e inovação.
· Também tenho estado envolvida intensamente com a Academia Chinesa de Ciências numa série de discussões que irão aumentar as relações sino-quenianas no campo do ensino superior. Várias instituições, incluindo a Universidade de Nairobi e a Universidade de Ciência e Tecnologia Dedan Kimathi, beneficiaram com esta colaboração.
8. Dei início aos Diálogos Universitários para poder interagir pessoalmente com os estudantes universitários, uma parte fundamental do conjunto de agentes do sector, com vista a uma reforma do ensino universitário, de modo a encaixar nas imposições de um futuro trabalho e para reafirmar a importância dos estudantes enquanto líderes no presente. A próxima reunião será realizada na Universidade Jaramogi Oginga Odinga em março de 2019.
9. Os atrasos no pagamento dos empréstimos por parte do HELB aos estudantes devem-se em parte às burocracias da administração universitária. Desde setembro do ano passado, todas as universidades foram instruídas a adotar e operacionalizar a solução do HELB Smart card. A este respeito, o Ministério irá contactar diretamente as instituições que ainda não tiverem cumprido esta diretiva para que o façam.
10. A partir do ano passado, a tendência das colocações em universidades e faculdades alterou-se do modelo severo controlado pelas universidades de topo para um modelo invertido ideal, no qual a maioria dos candidatos é colocada em faculdades de nível intermédio. Este ano, os 90 744 candidatos que obtiveram uma classificação média de C+ ou superior ficaram qualificados para ingressar nas universidades locais. Os 121 288 que tiveram classificações entre C (normal) e C- (Menos) ficam elegíveis para colocação em cursos de diploma em várias instituições de TVET. Os 244 436 que tiveram classificações D e D+ ficam elegíveis para colocação em cursos de certificado profissional, ao passo que os 194 721 que tiveram classificações entre D e E ficam qualificados para uma seleção para cursos de produção artesanal em instituições de formação profissional.
· Para conseguir uma aceitação contínua de estudantes apoiados pelo governo em universidades e TVET, o governo aumentou o financiamento do HELB para 13,5 mil milhões e está a obter mais recursos para aumentar o orçamento e poder aceitar mais estudantes.
· O exercício de colocação está atualmente em andamento até Sábado, 23 de fevereiro de 2019. Os candidatos que desejam candidatar-se ou rever as suas escolhas deverão visitar o site do KUCCPS para obter mais informações.
· Para apoiar a iniciativa do governo de colocar mais estudantes no sector de TVET, serão admitidas candidaturas de requerentes que tenham realizados os seus exames nacionais entre 2000 e 2018. Isto irá abrir uma janela de oportunidade com vista a uma obtenção mais alargada de competências que venha sustentar as prioridades de desenvolvimento do país e a reforçar a dignidade do indivíduo através da educação e de um meio de subsistência dignificante.
Senhoras e Senhores,
Em jeito de conclusão, gostaria de pedir a todos que apoiem a fase final da campanha de acompanhamento de admissões do Ministério, cujo objetivo é garantir que tenhamos, pela primeira vez no nosso país, uma transição de 100% da escola primária para a secundária. Esta prioridade política abraçada por Sua Excelência, o Presidente Uhuru Kenyatta, irá satisfazer em pleno o compromisso do Quénia para com o imperativo constitucional do direito à educação, o reforço dos direitos de todas as crianças quenianas e dar a cada jovem a oportunidade de ter 12 Anos de Educação de Qualidade. No dia 12 de fevereiro de 2019, a taxa de transição era de 90%. Prosseguiremos os nossos esforços de ter em consideração todos os candidatos que tenham feito o exame do Certificado do Ensino Primário do Quénia (KCPE) no ano passado.
Permitam-me que conclua partilhando convosco um dos meus poemas favoritos, em especial com a turma de finalistas de 2018:
Não te limites a aprender, experimenta.
Não te limites a ler, absorve.
Não te limites a mudar, transforma.
Não te limites a identificar-te, intervém.
Não te limites a prometer, prova.
Não te limites a criticar, encoraja.
Não te limites a pensar, reflete.
Não te limites a tirar, dá.
Não te limites a ver, sente.
Não te limites a sonhar, faz.
Não te limites a ouvir, escuta.
Não te limites a falar, age.
Não te limites a dizer, mostra.
Não te limites a existir, vive."
― Roy T. Bennett, A Luz no Coração
Muito obrigada.