Holofote
Soluções para as montanhas: Inovar hoje, ser sustentável amanhã
Não disponível · 11 dezembro 2024 · 4 Min
Dos lagos aos desertos e aos campos, as paisagens de montanha albergam uma em cada cinco pessoas no mundo. Mas a degradação dos solos e as alterações climáticas estão a aumentar a dificuldade de viver nestas zonas remotas. Quais as inovações que podem apoiar as comunidades de montanha e as suas terras?
Com a escassez de água disponível para as culturas, as inovações ao nível da irrigação por gotejamento – e mesmo dos biofertilizantes criados a partir de lã de ovelha descartada – estão a ajudar a reduzir o stress hídrico experienciado pelos agricultores nas montanhas do Quirguistão. As microflorestas, que podem crescer cinco metros por ano em grandes altitudes, melhoram o ar e o solo e ajudam a reter a água. Fornecem alimento, pasto e plantas medicinais que ajudam os agricultores no Afeganistão a obter rendimentos.
Os cientistas da UCA, em colaboração com a Universidade de Bamyan, identificaram grãos que se adaptam a climas severos e oferecem uma nutrição fiável durante a estação de escassez. Estes crescem em condições secas e podem ser colhidos antes do fim da estação das chuvas.
Kubanych Turganaliev, de Osh, República do Quirguistão
Com financiamento do Governo da Suíça, a AKF e a Helvetas Swiss Intercooperation têm ajudado mais de 14 000 agricultores a criar vacas que produzem mais leite, permitindo-lhes reduzir o número de cabeças de gado e, por conseguinte, os custos.
Nas altas montanhas da Ásia Central, as alterações climáticas estão a fazer-se sentir até três vezes mais rápido do que a média global
Mohammad Zaman, Gestor do Programa de Agricultura e Resiliência Climática do Programa Aga Khan de Apoio Rural (AKRSP) no Paquistão, recorda: “Há sessenta anos, as nossas enormes montanhas eram verdejantes, cobertas por florestas. Mas agora estamos a assistir ao degelo dos nossos glaciares. Nos próximos 20 ou 30 anos, estes irão desaparecer. E as populações têm cortado as árvores e arbustos, e até desenterraram as plantas de artemísia para usar como lenha.
“Agora podemos observar que estas montanhas estão completamente despidas e bastante frágeis e vulneráveis a cheias repentinas. No ano passado, a água destruiu as terras, os animais e as árvores de 100 famílias da minha aldeia, causando a morte a dez pessoas.” Leia mais sobre a vida na linha da frente das alterações climáticas.
As consequências são sentidas de forma desigual.
As mulheres contribuem de forma igual, se não mais, para as atividades agrícolas – por exemplo, se as fortes chuvadas afetarem as forragens armazenadas, secá-las é considerado um trabalho das mulheres; se houver um período de seca prolongado, são as mulheres que têm de voltar a fazer a semeadura. Mas os seus homólogos do sexo masculino decidem o que semear ou como e quando levar os produtos ao mercado”, diz Harpalsinh Chudasama, Gestor de Investigação sobre Alterações Climáticas do AKRSP Índia.
"Nós incluímos as mulheres como participantes centrais no que à formação e aos benefícios diz respeito, para que haja uma compreensão equitativa [tanto para mulheres como para homens] da divisão das tarefas e das responsabilidades, e também do poder de decisão dentro do agregado familiar."
O Paquistão alberga mais de 7000 glaciares
O aumento das temperaturas está a derreter os glaciares, causando inundações. Veja como é viver sob a ameaça de inundações causadas pelo rebentamento de lagos glaciares neste filme com os habitantes de Hunza.
A Agência Aga Khan para o Habitat (AKAH) já formou mais de 40 000 voluntários na resposta a emergências relacionadas com riscos em ambiente de montanha. Veja como três voluntárias de busca e salvamento estão a quebrar tabus no norte do Paquistão.
Os avanços tecnológicos podem mudar o futuro. Com a ajuda de cientistas da NASA e de outras agências, a AKAH consegue prever a ocorrência de situações de risco daqui a 30 e até 80 anos nas montanhas da Ásia Central e Meridional. Estes estudos podem ajudar os moradores a decidir como se adaptarem, seja através da plantação de árvores para reduzir o risco de deslizamentos de terras, da recuperação de terrenos degradados, da construção de estufas para alargar as estações de crescimento, ou mesmo da relocalização.
No Paquistão, quase metade da população rural não tem acesso a energia
O uso de combustíveis como a lenha acelera o desaparecimento das árvores e dos animais, pássaros e insetos que vivem dentro delas. A queima de estrume ou resíduos agrícolas aumenta a poluição do ar e consome nutrientes que podem alimentar os solos. Mas as centrais solares e hidroelétricas estão a oferecer uma alternativa limpa.
Depoimento no documentário "O Céu Está Longe, A Terra É Dura" de Haya Fatima Iqbal
Hristo Dikanski, Coordenador da AKDN para as Alterações Climáticas
Hristo Dikanski, Coordenador da AKDN para as Alterações Climáticas
11 de Dezembro é o Dia Internacional da Montanha. Este ano, o foco está nas formas de nos adaptarmos a ambientes severos, lidarmos com as alterações climáticas, reduzirmos a pobreza e restaurarmos a biodiversidade.